01/11/2014

Radiologia do Sistema Nervoso Central

RADIOLOGIA SISTEMA NERVOSO

ARM = angioressonância nuclear magnética
ERM = espectroscopia
dRM = imagem de difusão
pRM = imagem de perfusão
RMF = imagem funcional
ATC = angiografia por TC dinâmica com infusão de contraste
PTC = perfusão por TC
SPECT = TC por emissão de fóton único
PET = TC por emissão de pósitron

ANATÔMICAS
Radiografia simples, TC, RM, arteriografia cerebral e ultrassonografia.

FUNCIONAIS
SPECT, PET, perfusão por TC, dRM, pRM, RMF e ERM

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
alta atenuação (brilhante), baixa atenuação (escuro)
contrastes iodados: realçam os vasos sanguíneos e os seios sinusais normais, além de estruturas sem barreira hematoencefálica como hipófise, plexo coroide e glândula pineal.
TCA = maximiza opacificação da circulação arterial
TCV = maximiza opacificação da circulação venosa

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
Demonstra núcleos de hidrogênio dentro de moléculas de água e gordura. O relaxamento tecidual ocorre por decaimento longitudinal (ou T1) e decaimento vertical (ou T2).
T2 = liquido brilhante, gordura escura
T1 = liquido escuro, gordura brilhante
Gd-DTPA (gadopentetato de dimeglumina) = contraste usado frequentemente, aumenta lesões brilhantes.
Técnicas: gradiente-eco rápida, spin-eco rápida, FLAIR, imagem eco-planar
Aplicações: ARM de alta resolução, dRM, pRM, ERM, RMF e monitorização em tempo real de procedimentos intervencionistas.

ARM (Angiorressonância)
Gera imagens tridimensionais da circulação carotídea a vertebrobasilar.
Avaliação de doença arterial oclusiva e aneurismas intracranianos.

dRM (Imagem de Difusão)
Movimento de translação aleatório de moléculas de água e outras pequenas moléculas no tecido, estimulada por calor, o movimento Browniano.
Importante no AVEi precoce, na qual a área afetada “brilha”.
Outras aplicações na diferenciação de cistos de tumores sólidos, inflamatórias/infecciosas (encefalite, abcessos) ou anormalidades da substância branca (encefalopatia hipertensiva)

pRM (Imagem de Perfusão)
Utilizadas nas isquemias cerebrais e reperfusao, tumores cerebrais, epilepsia e défices de fluxo sanguíneo na doença de Alzheimer.
Técnicas bolus de contraste (igual à perfusão por TC) ou técnica arterial sipin-labeling (ASL), que usa um pulso de radiofrequência para marcar os prótons que percorrem as artérias cervicais. Ela não requer administração de contraste.

RMF (Ressonância Funcional)
Verifica alterções no fluxo sanguíneo decorrente de ações específicas como por exemplo flexionar o dedo indicador.
Pode ser utilizada no pré-operatório para distinguir o córtex de massas.

ERM (Espectroscopia por RM)
Fornece informações qualitativas e quantitativas sobre o metabolismo cerebral e a composição tecidual.
Discrimina-se os prótons de metabólitos, e suas posições podem ser definidas como um espectro.
Os principais metabólitos são o NAA (N-acetilaspartato) – marcador neuronal, colina – marcador de celularidade e turn-over de membrana, creatina – marcador metabolismo energético, lactato – marcador metabolismo anaerobicol.
Uma utilização é no pré e pós tratamento de tumores cerebrais, com importante papel em tumores residuais.

ARTERIOGRAFIA CEREBRAL
É injetado contraste hidrossolúvel na artéria carótida ou vertebral.
Digitalizada informações em relação às circulações capilar, arterial e venosa.
Risco de AVE é de 1 em 1000.
Hoje em dia vem sendo substituída pela angioTC.
Valor importante na diferenciação de doenças vasculares do SNC, padrão ouro na investigação de vasculite.

ULTRASSONOGRAFIA
Tem papel no uso do Doppler por fluxo na avaliação do fluxo e da permeabilidade da artéria carótida na aterosclerose, análise do vasoespamo em situação de hemorragia subaracnóidea por Doppler transcraniano, que também vê anomalias e sangramentos intracranianos em recém-natos
Doppler transcriano pode ser utilizado para diagnostico de vasoespasmo cerebral, avaliação de AVE e isquemia transitória, detecção de embolos intracranianos, monitoramento de vasculite em crianças com anemia falciforme e verificação de alteração de pressão intracraniana de fluxo sanguíneo em pacientes com lesão cerebral ou lesão de massa.

SPECT (Tomografia por Emissão de Fóton Único)
Utiliza uma câmera rotatória gama para reconstruir  imagens de corte transversal da distribuição de um fármaco radioativo administrado ao paciente (I-123 Iodo radioativo ou Tc99m Tecnécio), originando uma mapa de perfusão cerebral, e fornecendo informações indiretas sobre o metabolismo cerebral.

PET (Tomografia por Emissão de Pósitrons)
Imagem transversal gerada por computador da distribuição e concentração local de um radiofármaco (é uma técnica similiar ao SPECT). O radiotraçador geralmente é o flúor-desoxiglicose, fornecendo a medida do metabolismo da glicose no cérebro. A resolução é melhor que do spect, apresenta informações úteis no AVE, epilepsia, demência e tumores, sendo as principais indicações em pacientes com convulsões parciais complexas e identificação de recorrência tumoral.

Por: Erickson Danilo Padovani

28/10/2014

Síndrome Miastênica de Lambert-Eaton (LEMS)

ERICKSON-VÍDEOS
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NEUROLOGIA
Aula sobre a Síndrome Miastênica de Lambert-Eaton (LEMS)
A síndrome miastênica de Lambert-Eaton é uma doença auto-imune caracterizada por:

- fraqueza e fadiga dos músculos proximais, particularmente da cintura pélvica, extremidades inferiores, tronco e cintura escapular. Há, no entanto, e ao contrário da Miastenia Gravis, uma preservação relativa dos músculos extra-ocular e bulbar.

*Informação para fins educativos: procure seu médico!

Distrofinopatias - Duchenne e Becker

ERICKSON-VÍDEOS
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NEUROLOGIA
Aula sobre as distrofinopatias
Distrofia Muscular de Duchenne e Becker

Nome genérico das distrofias musculares (miopatias) associadas a uma anomalia da distrofina – proteína cujo gene está situado no braço mais curto do cromossoma X.

*Informação para fins educativo: procure seu médico!

24/09/2014

Aula - Divisões do Sistema Nervoso


ERICKSON-VÍDEOS
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NEUROLOGIA
Aula que explica as divisões o Sistema Nervoso Central.
Sistema Nervoso Central e Periférico.
Sistema Periférico Somático e Autônomo.
Sistema Autônomo Simpático e Parassimpático.

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22/09/2014

Herpes-Zoster: Sintomas Neurológicos

Herpes-Zoster


Nem todo mundo está sujeito a desenvolver o herpes zoster, popularmente conhecida como cobreiro. A doença, decorrente da reativação do vírus chamado de herpes-varicela zoster, atinge apenas aqueles que, em algum momento da vida, já tiveram varicela (popularmente conhecida como catapora) ou estiveram em contato com esse agente infeccioso. No entanto, dentro desse vasto grupo - um estudo do Ministério da Saúde com crianças de até 10 anos em escolas públicas paulistas identificou que até 90% delas haviam tido contato com o vírus -, apenas uma pequena parcela, estimada em 20%, vai desenvolver o zoster. A primeira infecção causada pelo vírus resulta nas bolhas vermelhas e na coceira características da catapora, mais comum em crianças ou adolescentes. Após o término desse período, o vírus não é eliminado, mas permanece dormente no organismo. “Ele fica incubado nos gânglios nervosos e pode retornar se houver problemas de imunidade, causando a doença”, explica dr. Luis Fernando Aranha Camargo, infectologista do Einstein. Como a manifestação depende da baixa imunidade, a incidência do zoster – embora ainda desconhecida em números exatos – é mais comum em idosos (a partir dos 60 anos) ou em imunodeprimidos, tais como pessoas com o vírus HIV, portadores de doenças crônicas ou ainda quem esteja submetido a algum tipo de tratamento que reduza a capacidade do corpo de se proteger ou reagir contra determinada ameaça, a exemplo da quimioterapia. De acordo com os especialistas, o vírus, que estava adormecido, aproveita a falha do sistema imunológico, sai dos gânglios nervosos e vai até a pele, afetando-a. Antes mesmo do sintoma propriamente dito, as pessoas podem apresentar febre e dores de cabeça, além de sentir coceira, ardência e mal-estar. Após três ou quatro dias, a pele começa a ficar avermelhada, muda de textura e de aparência. Logo depois, as vesículas (pequenas “bolhas de água”) aparecem em uma faixa, seguindo o caminho do nervo afetado. Por isso, geralmente o zoster atinge apenas um dos lados do corpo, raramente ultrapassando a linha mediana. “Pode existir herpes zoster sem vesículas, que até tem um nome em latim, zoster sine herpes, que se manifesta só pela dor”, alerta, contudo, o dr. Jacyr Pasternak, infectologista do hospital. As regiões mais afetadas costumam ser a torácica, a cervical e a lombar, mas isso não significa que outras partes não possam ser comprometidas. Os casos em que o rosto é atingido são os mais graves e inspiram mais cuidados. Neste cenário, o ideal é que um oftalmologista acompanhe a evolução do quadro a fim de evitar uma possível perda da visão. O tempo de duração dos sintomas varia, mas geralmente em duas semanas as bolhas secam, formando crostas, e quinze dias depois as lesões somem. A maioria das pessoas tem apenas um episódio de herpes zoster. Porém, há relatos na literatura médica de pacientes que tiveram um segundo ou terceiro episódio da doença, mas esse índice é menor do que 1%. Nos casos de recidiva, a recomendação é realizar exames para identificar uma possível causa de baixa imunidade constante, como contaminação pelo HIV. Diagnóstico e tratamento Devido às características próprias, uma avaliação clínica bem feita é capaz de identificar a manifestação da doença. No entanto, se houver a necessidade de confirmação do diagnóstico, o médico pode pedir a realização de exames de sangue que vão desde a avaliação da presença de anticorpos ativos no organismo ao proteína C reativa (PCR). O tratamento do herpes zoster utiliza a mesma base de antivirais do herpes simples: o aciclovir e outras drogas semelhantes, como o valaciclovir ou famciclovir. Porém, a dose utilizada deve ser duas ou três vezes superior e a administração pode ser diferente. “Em quadros agressivos, como aqueles que atingem a face ou que pegam dois terminais nervosos, vale a pena internar o paciente e dar a medicação via endovenosa. Nos demais, não há essa necessidade”, esclarece o dr. Alexandre Marra, infectologista do Einstein. “A absorção desses remédios é ruim no estômago. Mas hoje as novas drogas tem melhor biodisponibilidade, então conseguimos tratar com menos comprimidos, quando é o caso”, diz. É comum que, mesmo após o desaparecimento das vesículas, a dor no nervo ainda permaneça. O quadro é conhecido como nevralgia pós-herpética e pode durar até quatro meses. Nesses casos, o uso de analgésicos, antidepressivos e anticonvulsivantes, (utilizados apenas para finalidades analgésicas) pode ser indicado. Contágio e vacinação O vírus pode ser transmitido por meio do contato direto da pele com as vesículas, ou ainda por meio das secreções respiratórias. Também pode ser transmitida via objetos contaminados. De acordo com o Ministério da Saúde, “excepcionalmente, há pacientes que desenvolvem herpes zoster após contato com doentes de varicela e, até mesmo, com outro doente de zoster, o que indica a possibilidade de uma reinfecção em paciente já previamente imunizado. É também possível uma criança adquirir varicela por contato com doente de zoster.” Por isso, a vacinação é tão importante. “Temos uma vacina de vírus vivo muito eficiente que finalmente vai para o calendário de vacinação. Para o zoster, há uma vacina de vírus vivo que já está disponível no Brasil”, esclarece dr. Pasternak. A indicação da Sociedade Brasileira de Infectologia é que a imunização contra a varicela seja feita em duas doses: a primeira, quando a criança tem 12 meses, e a segunda, aos quatro anos de idade. A vacina será incorporada ao calendário de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de agosto desse ano.

http://www.ericksonpadovani.com.br/infecciosas--inflamat-rias-e-autoimunes---herpes-zoster.html

Sintomas Neurológicos - Doença de Chagas

Doença de Chagas


 Descrita em 1909 por Carlos Chagas, que foi pesquisador e diretor do Instituto Oswaldo Cruz (que deu origem à atual Fiocruz), a doença de Chagas também é conhecida como tripanossomíase por Trypanosoma cruzi ou tripanossomíase americana (terminologia adotada pela Nomenclatura Internacional de Doenças, a NID). Diz-se tripanossomíase qualquer enfermidade causada por protozoários do gênero Trypanosoma, que parasitam o sangue e os tecidos de pessoas e animais. O Trypanosoma geralmente é transmitido de um hospedeiro a outro por insetos – no caso humano, o principal vetor é um percevejo popularmente conhecido como barbeiro ou chupão (insetos das espécies Triatoma infestans, Rhodnius prolixus e Panstrongylus megistus, dentre mais de 300 espécies que podem transmitir o Trypanosoma cruzi). O Trypanosoma cruzi é transmitido no ato de alimentação do vetor (transmissão vetorial clássica). Assim que o barbeiro termina de se alimentar, ele defeca, eliminando os protozoários e colocando-os em contato com a ferida e a pele da vítima. A doença de Chagas também pode ser transmitida por transfusão de sangue ou durante a gravidez, da mãe contaminada para o filho. Outro modo de transmissão é pela ingestão de alimentos contaminados com vetores triturados ou com seus dejetos. Em ambientes desmatados ou alterados também pode haver transmissão vetorial. Estima-se que existam aproximadamente 12 milhões de portadores da doença crônica nas Américas, cerca de 2 a 3 milhões no Brasil. A doença é diagnosticada por exame de sangue. Ainda não existe vacina contra a doença de Chagas e a melhor maneira de enfrentá-la é com prevenção e controle, combatendo sistematicamente os vetores, mediante o emprego de inseticidas eficazes, construção ou melhoria das habitações de maneira a torná-las inadequadas à proliferação dos vetores, eliminação dos animais domésticos infectados, uso de cortinados nas casas infestadas pelos vetores, controle e descarte do sangue contaminado pelo parasita e seus derivados.   Sintomas / Diagnóstico Normalmente a fase aguda é assintomática e inaparente. Quando aparente, o quadro clínico da infecção surge de 5 a 14 dias após a transmissão pelo vetor e 30 a 40 dias para as infecções por transfusão sanguínea, mas as manifestações crônicas da doença de Chagas aparecem mais tarde, na vida adulta, 20 a 40 anos depois da infecção original. O quadro grave é caracterizado por febre de intensidade variável, mal-estar, inflamação dos gânglios linfáticos e inchaço do fígado e do baço. Pode ocorrer e persistir durante até oito semanas uma reação inflamatória no local da penetração do parasito (inchação, edema), conhecida como chagoma. O edema inflamatório unilateral das pálpebras (sinal de Romaña) ocorre em 10% a 20% dos casos quando a contaminação ocorre na mucosa ocular. Em alguns casos há manifestações fatais, ou que podem constituir uma ameaça à vida, incluindo inflamação do coração e inflamações que comprometem a meninge e o cérebro. A fase crônica sintomática decorre com maior frequência de lesões cardíacas, com aumento do volume do coração, alterações do ritmo de contração, e comprometimento do tubo digestivo, com inchação do esôfago e do estômago. Na fase aguda e nas formas crônicas da doença de Chagas o diagnóstico do agente causador poderá ser realizado pela detecção do parasito por meio de métodos laboratoriais de visualização do parasito direta ou indiretamente e pela presença de anticorpos no soro, por meio de testes específicos, conhecidos como imunofluorescência indireta (IFI), hemaglutinação indireta (HAI) e enzimas (Elisa). Testes de maiores complexidades como o teste molecular, utilizando reação em cadeia da polimerase (PCR) acoplado à hibridização com sondas moleculares, e o western blot (WB) têm apresentado resultados promissores e podem ser utilizados como teste confirmatório em qualquer fase da doença. A doença crônica é majoritariamente benigna, não trazendo maiores problemas para 7 em cada 10 portadores. Nos outros 3 podem ocorrer problemas cardíacos, digestivos ou neurológicos, nessa ordem de frequência. No Brasil a cardiopatia da doença de Chagas é uma importante causa de morte entre adultos de 30 a 60 anos e uma grande causa de implante de marcapasso cardíaco e de transplante de coração. Prevenção Uma das formas de prevenção da doença de Chagas é evitar que o inseto “barbeiro” forme colônias dentro das residências. Vedação de frestas nos telhados e de buracos nas paredes são boas estratégias. Em áreas onde os insetos possam entrar nas casas voando pelas aberturas ou frestas, pode-se usar mosquiteiros ou telas metálicas.  Recomenda-se usar medidas de proteção individual (repelentes, roupas de mangas longas, etc) durante a realização de atividades noturnas (caçadas, pesca ou pernoite) em áreas de mata. Para a prevenção da transmissão oral é importante seguir todas as recomendações de boas práticas de higiene e manipulação de alimentos, em especial aqueles consumidos in natura.  Tratamento da doença de Chagas Existem dois medicamentos que são utilizados para tratar a infecção por Trypanosoma cruzi, e só um deles é usado no Brasil, o benzonidazol, produzido pelo Laboratório Federal de Pernambuco (Fafepe). O Sistema Único de Saúde distribui o medicamento após a indicação médica, seja em casos agudos ou crônicos. No entanto, não há garantia ainda de eficácia total do tratamento, que varia muito. Boa alimentação e fortalecimento do sistema imunológico dos portadores da doença de Chagas, bem como uma atenção integral no sistema de saúde são procedimentos que retardam a evolução da doença. Como na maioria dos casos a doença crônica é benigna e sem sintomas, é importante o acompanhamento anual dos pacientes para que intervenções possam ser feitas no momento certo da progressão da doença.   Panorama geral da doença no Brasil A doença de Chagas é considerada uma antropozoonose, uma doença que liga o homem aos animais, a partir da domiciliação dos vetores, deslocados de seus nichos silvestres originais, pela ação do homem sobre o ambiente. Primariamente ocorre apenas nas Américas, em virtude da distribuição do vetor estar restrita a este continente. Entretanto, são registrados casos em países não endêmicos por outros mecanismos de transmissão ou pela migração intensa de latino-americanos para outros continentes. No Brasil, atualmente predominam os casos crônicos de doença de Chagas decorrentes de infecções adquiridas no passado. No entanto, nos últimos anos, a ocorrência de doença de Chagas aguda (DCA) tem sido observada nos estados da Amazônia Legal, com ocorrência de casos isolados em outros estados.  No passado, a área endêmica, ou seja, com risco de transmissão da doença de Chagas pela presença de vetores infectados, conhecida no final dos anos 70, incluía 18 estados e mais de 2,2 mil municípios, nos quais se comprovou a presença de triatomíneos e destes 711 com presença do Triatoma infestans, principal vetor estritamente domiciliar no Brasil. Ações sistematizadas de controle químico foram instituídas a partir de 1975 mantidas em caráter regular, e desde então levaram a uma expressiva redução da presença de T. infestans e, simultaneamente, da sua transmissão às pessoas. Em reconhecimento, o Brasil recebeu em 2006 a certificação internacional de interrupção da transmissão da doença pelo T. infestans, concedida pela Organização Panamericana da Saúde e Organização Mundial da Saúde. Com o sucesso do controle do mecanismo majoritário de transmissão os mecanismos minoritários passaram a ter importância em saúde pública. Hoje, o perfil epidemiológico da doença apresenta um novo cenário com a ocorrência de casos e surtos na Amazônia Legal por transmissão oral e vetorial (sem colonização e extradomiciliar). Com isso, evidenciam-se duas áreas geográficas onde os padrões de transmissão são diferenciados: a) a região originalmente de risco para a transmissão vetorial, onde ações de vigilância epidemiológica, entomológica e ambiental devem ser concentradas, com vistas à manutenção e sustentabilidade da interrupção da transmissão da doença pelo T. infestans e por outros vetores passíveis de domiciliação; b) a região da Amazônia Legal, onde a doença de Chagas não era reconhecida como problema de saúde pública, as ações de vigilância devem ser estruturadas e executadas de forma extensiva e regular na região por meio de: detecção de casos febris, apoiada na vigilância da malária; identificação e mapeamento de marcadores ambientais, a partir do reconhecimento das áreas preferenciais das diferentes espécies de vetores prevalentes e na investigação de situações em que há evidências ou suspeita de domiciliação de alguns vetores.  Surtos de doença de Chagas aguda relacionados à ingestão de alimentos contaminados (caldo de cana, açaí, bacaba, entre outros) e casos isolados por transmissão vetorial extradomiciliar vem ocorrendo especialmente na Amazônia Legal. No período de 2000 a 2011, foram registrados mais de mil e duzentos casos, 70% por transmissão oral, 7% por transmissão vetorial e 22% sem identificação do modo de transmissão.  A alteração do quadro epidemiológico da doença de Chagas no Brasil promoveu a mudança nas ações e estratégias de vigilância, prevenção e controle, por meio da adoção de um novo modelo de vigilância epidemiológica, de acordo com os padrões de transmissão da área geográfica:  1. Regiões originalmente de risco para a transmissão vetorial (AL, BA, CE, DF, GO, MA, MG, MS, MT, PB, PE, PI, PR, RN, RS, SE, SP, TO): vigilância epidemiológica visa detectar a presença e prevenir a formação de colônias domiciliares do vetor; atenção integral aos portadores crônicos da infecção. 2. Amazônia Legal (AC, AM, AP, RO, RR, PA, parte do TO, MA e do MT): vigilância centrada na detecção precoce de casos agudos e surtos e apoiada na Vigilância Epidemiológica da Malária, pela capacitação de microscopistas para identificação de T. cruzi nas lâminas para diagnóstico da malária e nas ações preventivas da vigilância sanitária sobre as cadeias produtivas de alimentos.    O papel da Fiocruz Em janeiro de 2006, o Programa Integrado de Doença de Chagas (PIDC) da Fiocruz foi oficialmente criado, com o apoio da Vice-Presidência de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, reunindo pesquisadores das diversas unidades. O PIDC procura articular a cooperação entre pesquisadores em redes temáticas, de modo a aumentar a eficiência da pesquisa institucional e fortalecer a capacidade de captação de recursos financeiros para o desenvolvimento de pesquisas relevantes que deem retorno à sociedade. A iniciativa assegura uma contribuição efetiva da Fiocruz para o controle da doença de Chagas no século 21, com metas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Em 2009 a Anvisa autorizou um ensaio clinico com pacientes com doença de Chagas crônica, para o teste de tratamento com selênio para impedir a progressão da doença cardíaca. Esse estudo, conduzido pelo Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e pelo Laboratório de Pesquisa em Doença de Chagas do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz), com colaboração de outras unidades da Fiocruz, é o primeiro a testar uma abordagem nutricional como adjuvante para o tratamento da doença de Chagas crônica. A Fiocruz também participa do ensaio multicêntrico Benefit, que avalia a eficácia do tratamento com benzonidazol na fase crônica, com resultados previstos para 2014.  Em 2013, o Laboratório de Biologia das Interações do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em parceria com pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), identificou que o patógeno causador da doença de Chagas – o protozoário Trypanosoma cruzi – pode desencadear uma desordem imunológica e neuroquímica associada ao quadro depressivo.  Foram utilizados dois grupos de camundongos. Cada grupo foi infectado com cepas tipo 1 e tipo 2 de T. cruzi. Só o primeiro grupo apresentava imobilidade e desistência quando submetido a testes de depressão. Para os pesquisadores, foi um sinal preliminar de que a depressão, na doença de Chagas, poderia não ser um processo psicossomático. Outra esperança que se abre é a utilização de células-tronco, o que tem sido feito pela unidade da Fiocruz na Bahia. A busca de métodos para o reparo de lesões causadas por doenças crônicas tem sido impulsionada pela descoberta de células-tronco com capacidade de autorreplicação e de diferenciação em diversos tipos celulares. Em vez de substituir um órgão lesado, vislumbra-se a possibilidade de se repará-lo pela aplicação de terapias celulares. O coração lesado pela doença de Chagas crônica é, portanto, um alvo em potencial para a medicina regenerativa. Estudos em cardiopatia isquêmica demonstraram que células-tronco obtidas de várias fontes, incluindo da medula óssea, são eficazes no tratamento deste tipo de insuficiência cardíaca e indicaram um potencial da utilização da terapia com células-tronco em outras cardiopatias, incluindo a que ocorre na doença de Chagas. Uma terapia capaz de causar uma melhora da função cardíaca, e que seja mais accessível à população de pacientes com doença de Chagas, em sua grande maioria de baixa renda, é de grande interesse.

Fonte: http://www.ericksonpadovani.com.br/infecciosas--inflamat-rias-e-autoimunes---doen-a-de-chagas.html

Abcesso Cerebral

Abcesso Cerebal


DESCRIÇÃO: Lesão que ocupa espaço no cérebro, causada por uma inflamação e um acúmulo de material infectado (pus) dentro do tecido cerebral. Acontece quando microorganismos (geralmente bactérias) causam uma infecção localizada no cérebro, há uma inflamação em resposta à infecção, com a morte de alguns tecidos no cérebro (necrose). Os fluidos, as células de tecidos destruídos, os glóbulos brancos e os microorganismos vivos e mortos acumulam-se e formam uma massa. Esta massa, em geral, encapsulada por uma membrana que se forma nos limites da coleta de fluidos.  CAUSA: Os abcessos são frequentemente provocados por infecções bacterianas, originando abcessos piogênicos. As bactérias implicadas variam com o local do abcesso - na pele, a bactéria mais frequente é o Estafilococos aureus, mas também podem aparecer anaeróbios ou flora mista; estão habitualmente relacionados com o folículo piloso e desenvolvem-se em zonas com suor e fricção. PREVENÇÃO: Com o tratamento intensivo dos distúrbios causadores, incluindo o exame de acompanhamento após o tratamento das infecções, é possível reduzir o risco de abscesso cerebral. A correção cirúrgica dos distúrbios congênitos, como a tetralogia de Fallot, pode reduzir os riscos de infecções. Antibióticos preventivos (profiláticos) administrados para pessoas com distúrbios cardíacos congênitos ou reumáticas, antes de procedimentos dentais ou urológicos, podem reduzir o risco.  SINTOMAS: Cefaleia, rigidez do pescoço, ombros ou costas, dor no pescoço, ombros ou costas, vômitos, mudanças no estado mental, sonolência, confusão, desatenção, irritabilidade, processos mentais lentos, redução da capacidade de resposta, possível coma, convulsões, febre (ocorre em menos de 50% das pessoas), perda localizada das funções nervosas (déficits neurológicos focais), alterações na visão, perda da função/sensação muscular, sensação reduzida (braço e perna do mesmo lado do corpo), movimento reduzido (braço e perna do mesmo lado do corpo), fraqueza de uma área (braço e perna do mesmo lado do corpo), problemas da fala, perda da coordenação.   TRATAMENTO: O abscesso cerebral é uma emergência médica! A pressão intracraniana pode tornar-se alta o suficiente para causar uma hérnia do tronco cerebral. É necessária a hospitalização até que a condição se estabilize. Recomenda-se o manejo médico para abscessos múltiplos, abscessos pequenos (menores de 2 cm), abscessos profundamente alojados no cérebro, abscessos acompanhados de meningite, derivações presentes (shunts) no cérebro (para hidrocefalia), ou doenças subjacentes que tornem a cirurgia perigosa (doenças debilitantes). A cirurgia é indicada se houver um aumento persistente ou progressivo de pressão intracraniana, se a massa não diminuir após o uso de medicamentos antimicrobianos, ou se a massa contiver gás (produzido por alguns tipos de bactérias). Ela pode também ser necessária se houver sinais de iminente ruptura do abscesso para dentro do ventrículo.  

FONTE: http://www.ericksonpadovani.com.br/infecciosas--inflamat-rias-e-autoimunes---abcesso-cerebral.html

15/09/2014

Site Pessoal

http://www.ericksonpadovani.com.br/

Acima esta o endereço do meu mais novo site pessoal.
Nele é possível encontrar informações sobre doenças neurológicas.

Erickson

10/09/2014

Site Sobre Doenças Neurologicas

Pessoal, em breve estarei colocando no ar um site sobre doenças neurológicas. O objetivo será passar o máximo de informação sobre tais doenças para o público interessado. Veja a seguir a lista inicial de doenças englobadas:

Doenças Infecciosas, Inflamatórias e Autoimunes
Meningites
Neuromicoses
Neurotuberculose
Neurocisticercose
Coleções e Abscessos Cerebrais
Neurossífilis
Manifestações Neurológicas da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
Manifestações Neurológicas da Doença de Chagas
Neuroesquistossomose
Poliomielite
Herpes-zóster
Encefalites
Encefalite Herpética
Raiva
Toxoplasmose
Tétano
Botulismo
Doença de Lyme
Doenças Priônicas
Doença de Behçet
HTLV-1: Manifestações Neurológicas
Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva
Neurossarcoidose
Encefalopatias Autoimunes

Doenças Vasculares
Prevenção das Doenças Cerebrovasculares
Ataque Isquêmico Transitório
Acidente Vascular Cerebral Isquêmico
Embolia Cerebral
Hemorragia Intracerebral
Hemorragia Subaracnóidea
Aneurismas Intracranianos
Vasculites Cerebrais
Fístulas Arteriovenosas
Malformação Arteriovenosa
Angiomas
Encefalopatia Hipertensiva
Trombose Venosa Cerebral
Dissecção Arterial
Displasia Fibromuscular
CADASIL
Fístula Carotideocavernosa
Embolia Gordurosa
Amnésia Global Transitória
Infarto Medular
Siderose Superficial do Sistema Nervoso Central

Neoplasias
Gliomas de Baixo Grau
Tumores Malignos do Encéfalo
Meningiomas
Linfomas Primários do Sistema Nervoso
Metástases Cerebrais
Tumores da Órbita
Tumores da Região da Pineal
Tumores Intraventriculares
Craniofaringiomas
 Schwannomas Vestibulares
Adenomas de Hipófise
Glioma da Via Óptica Anterior
Tumores do Crânio
Tumores da Base do Crânio
Ependimomas
Neuroblastoma
Tumores do Tronco Cerebral
Tumores do Forame Jugular
Cistos Intracranianos
Tumores da Coluna e da Medula
Síndromes Paraneoplásicas
Carcinomatose Meníngea
Metástases Raquimedulares
Tumores de Nervos Periféricos

Hipertensão Intracraniana e Hidrocefalias
Inchaço Cerebral
Hipertensão Intracraniana Idiopática
Hidrocefalia em Adultos
Hidrocefalia de Pressão Normal

Traumatismos Cranioencefálico e Raquimedular
Traumatismo Cranioencefálico
Lesões Parenquimatosas Traumáticas
Hematoma Subdural
Hematoma Extradural
Fraturas da Coluna Cervical
Bexiga Neurogênica
Distúrbios Sexuais na Lesão Medular

Neuropatias Periféricas
Paralisia Facial Periférica e/ou Paralisia de Bell
Neurite Óptica
Neuropatia Óptica Isquêmica
Neuropatia Craniana Múltipla
Lesões do Nervo Radial
Lesões do Nervo Ulnar
Lesões do Nervo Fibular
Síndrome do Túnel do Carpo
Síndrome do Desfiladeiro Torácico
Hérnia de Disco Cervical
Hérnia Discal Lombar
Neuropatias Diabéticas
Síndrome de Guillain-Barré
Polirradiculoneuropatia Inflamatória Desmielinizante Crônica (CIDP)
Neurites da Hanseníase

Epilepsias
Convulsões Neonatais
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Uso Abusivo e Dependência de Substâncias Psicoativas

Em breve estará no ar!! Até lá!

Aula sobre Neurônios




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ERICKSON-VÍDEOS
http://neurobrasil.blogspot.com.br/
http://www.ericksonpadovani.com.br/

NEUROLOGIA
Aula que explica a citologia e fisiologia neuronal.

31/03/2014

Aos Estudantes de Medicina – Por Drauzio Varella

Na coluna de hoje vou resumir-lhes as lições mais importantes que aprendi em quarenta anos de atividade clínica.
Na verdade, a ideia de reuni-las surgiu semanas atrás quando o diretor Wolf Maia me convidou para fazer uma pequena palestra para atrizes e atores que interpretavam papéis de estudantes de medicina numa cena da novela das nove. “Haverá uma classe com alunos e nenhuma dramaturgia, diga o que quiser”, propôs ele.
Hesitei diante do convite inusitado, mas no fim achei que seria boa oportunidade para dizer aos alunos:
1) Tenham sempre em mente que encontrarão mais dificuldade para receber os cuidados de vocês justamente as pessoas que mais necessitarão deles.
O médico deve lutar por condições dignas de trabalho e por remuneração condizente com as exigências do exercício profissional, mas sem esquecer de cobrar da sociedade o acesso universal dos brasileiros ao sistema de saúde.
2) É fundamental ouvir as queixas dos doentes. Sem ouvi-las com atenção, como descobrir o mal que os aflige?
Embora as características do atendimento em ambulatórios, hospitais e unidades de saúde criem restrições de tempo, cabe a nós exigirmos para cada consulta a duração mínima que nos permita recolher as informações imprescindíveis. Com a prática vocês verão que ficará mais fácil, porque aprenderão a orientar o interrogatório, especialmente no caso de pessoas prolixas e pouco objetivas. O desconhecimento da história e da evolução da enfermidade é causa de erros graves.
3) Medicina se faz com as mãos. Os exames laboratoriais e as imagens radiológicas ajudam bastante, mas não substituem o exame físico. Esse ensinamento dos tempos de Hipócrates deve ser repetido à exaustão, porque a tendência do ensino nas faculdades tem sido a ênfase nos exames subsidiários em prejuízo da palpação, da ausculta e da observação atenta aos sinais que o corpo emite.
Como consequência, cada vez são mais frequentes as queixas de que o médico pediu e analisou os exames e preencheu a prescrição sem chegar perto do doente. Não culpem a falta de tempo nem tenham preguiça, em cinco minutos é possível fazer um exame físico razoável.
Tocar o corpo do outro faz parte dos fundamentos de nossa profissão.
4) Procurem colocar-se na pele da pessoa enferma. Quanto mais empatia houver, mais fácil será compreender suas angústias, seus desejos e seu modo de encarar a vida. Não cabe ao médico fazer julgamentos morais, impor soluções nem decidir por ela, mas orientá-la para encontrar o caminho que mais atenda suas necessidades.
5) Medicina é profissão para quem gosta muito. Exige do estudante bem mais do que as outras: são seis anos de graduação, dos quais os dois últimos dedicados ao internato, que não por acaso recebeu esse nome. Depois vem a residência, com três, quatro e até cinco anos de duração. O dia inteiro nos hospitais públicos, os plantões de vinte e quatro horas, as jornadas intermináveis.
É a única profissão que obriga o trabalhador a cumprir horários que a abolição da escravatura eliminou. Por exemplo, trabalhar o dia inteiro, entrar no plantão noturno e emendar o expediente do dia seguinte; trinta e seis horas sem dormir. Existe outra categoria de profissionais em que essa prática desumana faça parte da rotina?
Se o exercício da medicina já é árduo para os apaixonados por ela, é possível que se torne insuportável para os demais. Se vocês escolheram segui-la apenas em busca de reconhecimento social ou recompensa financeira, estão no caminho errado, existem opções menos sacrificadas e bem mais vantajosas.
6) Medicina é para quem pretende estudar a vida inteira. É para gente curiosa que tem fascínio pelo funcionamento corpo humano e quer aprender como ele reage nas diversas circunstâncias que se apresentam.
O médico que não estuda é mais do que irresponsável, coloca em risco a vida alheia.
7) Finalmente, para que foi criada a medicina? Qual a função desse ofício que resiste à passagem dos séculos?
Embora a arte de curar encante os jovens e encha de prazer os mais experientes, não é esse o papel mais importante do médico. É interminável a lista de doenças que não sabemos curar.
A finalidade primordial de nossa profissão é aliviar o sofrimento humano.

Dr. Drauzio Varella

29/03/2014

A ciência da gordura: como ela é armazenada no corpo – e como queimá-la

Segundo o Ministério da Saúde, 51% da população brasileira acima de 18 anos está acima do peso ideal. Se você está nesse grupo de pessoas, então tem alguns quilinhos de gordura para perder. E talvez você fique mais motivado ao ver meio quilo de gordura humana - você precisa eliminá-la do seu corpo agora mesmo.
No entanto, ainda há muitas concepções incorretas sobre a gordura — e alguns desses enganos podem atrapalhar seu esforço para perder peso. Então vamos nos livrar dessa desinformação ingerindo um pouco de conhecimento.

O que é a gordura corporal?

Vamos começar pelo lado bom: pense na gordura corporal como “energia potencial”. As calorias presentes na comida que você ingere são um combustível. Depois que as calorias entram na sua corrente sanguínea, este combustível é queimado em vários processos metabólicos. Isso inclui sua atividade muscular, digestão, respiração, funções cerebrais, crescimento dos cabelos etc. O básico da sobrevivência, para resumir.
Porém, algumas vezes nós consumimos mais calorias do que o corpo consegue queimar. Quando isso acontece, nosso corpo pensa: “ué, eu não preciso de toda essa energia agora. Melhor guardar, vai que eu preciso mais tarde, né?” E aí começa o milagre da gordura. Seu corpo pega essas calorias que sobraram e guarda nas células de gordura (ou células adiposas). Elas se expandem à medida que coletam mais combustível, e encolhem quando você usa um pouco dessa energia.
Mas preste atenção, esta é uma explicação muito superficial. É importante notar que, quando a energia potencial é estocada dentro das células adiposas, ela não está pronta para ser usada como antes, quando circulava pela corrente sanguínea. Ela passa por uma conversão química que guarda a energia de maneira mais eficiente. É mais ou menos um arquivo .zip: isso deixa a energia mais compacta e fácil de armazenar, mas o conteúdo em si tem seu acesso dificultado. Quando chega a hora de tirar a energia dessas células, outra conversão química se inicia para deixá-la pronta para uso.

Como é queimada a gordura?

Então, quando você perde gordura, para onde ela vai? A maioria das pessoas não sabe. Se você se lembra do princípio da conservação da massa, lá das aulas de química do colégio, sabe que a matéria não pode simplesmente aparecer ou desaparecer — ao invés disso, ela passa por reações químicas e muda de estado.
As mitocôndrias são o centro de energia da célula. Nos seus músculos ou fígado, elas tiram um pouco de gordura (estocada como triglicérides) das suas células adiposas e a colocam num processo metabólico que a transforma em calor, dióxido de carbono, água e ATP (trifosfato de adenosina). Vamos explicar um por um.
Calor: A energia térmica tem uma importância crucial na manutenção da sua vida. Sabe como você, um mamífero de sangue quente, mantém sua temperatura em cerca de 37°C? Sim, queimando calorias! Quando você está com frio, queima bem mais calorias para permanecer quente. E, caso você esteja se perguntando quanta energia térmica pode ser armazenada na gordura, faça o seguinte: frite um bacon, tire o excesso de gordura, ponha numa lata e coloque um pavio. Você ficará chocado com o tempo que esta vela improvisada ficará acesa.
ATP: nós precisamos de ATP para fazer os músculos funcionarem. Nossa principal fonte imediatade energia é produzida quando quebramos uma molécula de fosfato do ATP, o que fornece uma pequena explosão de energia nos músculos. O ATP se torna, então, ADP, e não pode ser usado novamente até que ele pegue outra molécula de fosfato. É o ciclo de Krebs, cara: ele leva combustível para seus músculos.
Dióxido de carbono: Sempre que você queima alguma coisa (veja o calor mencionado acima), isto reage e forma dióxido de carbono. Vale para a gasolina, vale para a gordura corporal. O dióxido de carbono irá viajar por sua corrente sanguínea até os pulmões, onde eles serão expelidos.
Água: A gordura, geralmente, parece meio molhada, né? É porque tem água nela. Você vai urinar a água formada no processo.
Então, é para aí que vai o peso que você perde.

Células adiposas são eternas

Eis um dos erros mais comuns sobre a gordura: quando você perde peso, você não perde nenhuma célula de gordura. Não, nem sequer umazinha. O corpo humano possui, em média, entre 10 bilhões e 30 bilhões de células adiposas, e elas serão para sempre suas. Ah, mas sabe o que é pior? Se você ganhar mais peso, pode produzir mais células adiposas (pessoas obesas chegam a ter cerca de 100 bilhões), e de novo, você não pode perdê-las (a única exceção é a lipoaspiração, que remove fisicamente as células). Então como é que a gente perde peso?!
As células de gordura agem mais ou menos como balões. Quando você perde peso, você retira algo desses balões inflados, ou seja, faz encolher as células adiposas. Você pode reduzi-las até que estejam praticamente vazias, mas elas sempre estarão lá — esperando para ser reabastecidas, atormentando seus pesadelos rechonchudos.
E más notícias: a gordura adora andar com mais gordura. Como ela e os músculos são basicamente inimigos (nós chegaremos lá ainda), suas células adiposas tentam erodir suas células musculares. O pior é que, enquanto a maioria da gordura fica debaixo da sua pele, a mais perigosa se acumula ao redor dos seus órgãos internos – é por isso que a gordura abdominal é mais problemática do que nas outras áreas do corpo.
Esta gordura, chamada de gordura visceral, é metabolicamente ativa, e expele produtos bioquímicos que aumentam o risco de ataque cardíaco, derrame, insuficiência hepática, diabetes e pressão alta. Além disso, a gordura visceral inibe a produção de um hormônio muito importante, chamado adiponectina, que regula o metabolismo do seu corpo. Em outras palavras, quando mais gordura visceral você acumula, mais lentamente seu metabolismo irá funcionar – ou seja, mais fácil você armazenará gordura. É um ciclo difícil de quebrar.

Como são queimadas as calorias

Como a gordura corporal é composta basicamente por calorias estocadas, o jeito mais conhecido para perder peso é queimar mais calorias do que você está ingerindo. Faça isso e seu corpo irá começar a retirar as calorias que faltam das suas reservas de gordura. Há mais nuances que isso, claro, mas para a maioria dos casos, isso vale. Mas como exatamente estas calorias são queimadas?
Se você já fez algum exercício programado numa esteira ou numa bicicleta ergométrica, provavelmente já viu coisas como “cardio zone” ou “fat-burning zone”. Nós chegaremos lá daqui a pouco, mas por enquanto, tudo que você precisa saber é isso: o exercício físico é só um pedacinho da queima de gordura.
Há um excelente artigo (em inglês) na Active.com detalhando minuciosamente estes processos, mas aqui vai uma explicação resumida. Há três categorias de processos responsáveis pela queima metabólica. Entre 60% e 70% das calorias queimadas por dia são processadas apenas por você estar vivo. Isto não tem nada a ver com se mexer. Nada. É a chamada taxa metabólica basal. Outros 10% a 15% são queimados pelo simples ato de digerir o que você come, o chamado metabolismo digestivo (ou efeito térmico do alimento). Como diz a Active, estes dois representam entre 70% e 85% — tudo isso mal tendo que mover um dedo.
Os últimos 15% a 30% vêm da atividade física, seja na forma de malhação (termogênese associada a exercícios, ou EAT) ou apenas por andar pelo seu apartamento (termogênese de atividades que não são exercício, ou NEAT).
Bem, se entre 60% e 70% da queima de calorias está ligada ao seu metabolismo em estado de repouso, não faz mais sentido começar por aí? Sim! Vamos voltar à nossa vela de gordura do início do texto para fazer uma analogia. Veja o vídeo acima e perceba que, com o pavio curto, a gordura queima lentamente. Em cerca de 1:50, o pavio fica maior, o que faz a chama crescer. Com mais fogo, a gordura começa a queimar bem mais rápido.
Então, como nós podemos aumentar o fogo do nosso metabolismo interno?
A resposta mais simples é acrescentar músculos. O tecido muscular, em repouso, queima de duas a três vezes mais calorias que o tecido adiposo. Exercícios aeróbicos são importantes para sua saúde e condicionamento físico, não se engane. Mas se sua meta é queimar gordura, concentre-se um pouco mais em musculação e em exercícios calistênicos – que usam o próprio peso do corpo como resistência. Isto provavelmente trará resultados melhores e mais rápidos. Não porque isto queime mais calorias enquanto você os pratica, mas porque isto aumenta sua chama metabólica, o que queima mais calorias o tempo todo.
Depois disso, vamos ver a alimentação. Lembre-se, entre 10% e 15% da sua queima metabólica vem da simples digestão da comida. Se você quer aumentar isso, pode adicionar mais proteínas magras ao que você come. A digestão de proteínas queima entre duas a três vezes mais calorias do que a dos carboidratos ou da gordura. Além disso, mesmo que toda caloria consumida (seja ela tirada de proteína, carboidrato ou gordura) possa ser estocada como gordura, o corpo estoca mais prontamente a energia obtida da gordura consumida. Dito isso, uma dieta equilibrada é extremamente importante para se manter saudável, e mais uma vez: se você quer perder gordura, deve consumir menos calorias do que gasta.

Por fim, o componente dos exercícios (entre 15% e 30% do seu metabolismo). Então, sabe aquilo lá de “fat-burning zone”, zona aeróbica, tudo aquilo que aparece na sua esteira? Tecnicamente, isso não está errado. Quando você se exercita numa intensidade menor, está queimando mais calorias que são obtidas da gordura; por outro lado, em exercícios de mais intensidade, a maioria das calorias queimadas vem dos carboidratos mais prontamente disponíveis, que são os que você consumiu recentemente.
PORÉM, tem uma coisinha. Dois terços das calorias que você queima não têm nada a ver com exercícios; mas isso só acontece se você consegue criar um déficit calórico. E você consegue isso muito mais facilmente com exercícios de alta intensidade e intercalados. Isso simplesmente queima muito mais calorias, então você tem um impacto (perda de gordura) muito maior.
Dizendo de outra forma: mesmo que os exercícios mais lentos, da “fat-burning zone”, tecnicamente retirem mais calorias da gordura durante o exercício, os exercícios de alta intensidade vão queimar mais calorias no total, o que resulta em mais calorias retiradas da suas reservas de gordura com o tempo, o que vai reduzi-las mais. Além disso, exercícios de alta intensidade tonificam mais os seus músculos — veja e compare os maratonistas com os velocistas. E, novamente, mais músculo resulta em um metabolismo mais ativo, e isso acaba queimando gordura mais rápido.
Para ser sincero, isto tudo é bem superficial. Este artigo tinha como objetivo ser uma visão geral e, por isso, há muitas coisas que não puderam ser incluídas. Os artigos que linkamos têm mais detalhes técnicos e, para aqueles que se interessarem, recomendamos consultá-los. Mas, para todo mundo, nós esperamos que este texto tenha esclarecido um pouco melhor sobre como perder a barriguinha.
Fonte: http://gizmodo.uol.com.br/a-ciencia-da-gordura/